Os trajes de Nisa em todo o seu colorido e esplendor. O "postal ilustrado" pertence a uma colecção editada pela Papelaria e Tipografia Nisense, nos já distantes e tão pertos, anos 60.
Nessa época, Nisa tinha jovens para "dar e vender", um Rancho Folclórico que chegou a ser um dos mais famosos do país. Depois, veio a emigração para as Lisboas e as Franças do nosso (des)encanto e aos poucos tudo foi morrendo. Criaram-se novas infraestruturas, o concelho modernizou-se, mas o seu maior património, as pessoas, foram desaparecendo.
À garridice e beleza dos trajes e de quem os ostenta como sinónimo de vida e pujança, sucedeu o abandono das aldeias e dos lugares. As ruas da vila, neste como noutros estios, já não têm o bulício de outrora. Despiram-se de pessoas e de vida, e encheram-se de casas enegrecidas e rugosas pela acção do tempo, vazias, evocando, quais fantasmas, as memórias de quem ali nasceu e viveu.
Ah! Mas os trajes de Nisa, onde os há, assim, tão lindos e espelhados? Cachopas jogando o fa-fu, animando récitas e teatros, festejando os santos populares, as fogueiras (vai uma batatinha assada?) os casamentos, os bailes na rua ao som da concertina, os quintais de festa.
Nisa morreu, mas a memória, decididamente: Não!
Mário Mendes