É uma das principais entradas ( e saídas) de Nisa, álbum de imemoráveis histórias que davam para um livro.
Ali, passaram muitas gerações de nisenses, momentos inolvidáveis na colha de amoras e das folhas mais viçosas com que se alimentavam os bichos da seda. Era um acto arrojado, todos os dias repetido pela malta da escola e outros mais velhos. Subir às amoreiras, escolher as amoras mais grossas e maduras, armar o "banquete", tudo se fazia na "mira de um olho" antes que aparecesse o cantoneiro, o ti Jaime, homem corpulento e de aspecto ameaçador. Era mais o barulho e o alvoroço que provocava, do que propriamente a vontade de nos apanhar. Cumpria ordens para garantir o magro sustento. Na ânsia da fuga, muitas calças se rasgavam e muitos se estatelavam no chão. Nos dias seguintes, era a mesma cena, enquanto as amoras durassem e os bichinhos não crescessem e fizessem o casulo.
A Estrada das Amoreiras está, hoje, desfigurada. Não tem as árvores frondosas (e saborosas) de outrora. Destruíu-se a Horta do Parreirão para dar lugar à implantação de urbanizações e das piscinas municipais.
Mas, mesmo sem amoreiras, a Estrada das Amoras, devia merecer uma maior atenção por parte da Câmara, dando-lhe uma aspecto de civilidade, construindo passeios de um e outro lado da estrada, que iriam contribuir para a segurança de automobilistas e de peões, pois as bermas, com as valetas de cimento e sem delimitação, contituem uma perigosa ratoeira.
Se outros motivos não houvesse, bastaria acrescentar que se trata da primeira imagem, o primeiro impacto da vila para quem vem da Beira. O Alentejo começa aqui e no Alentejo, além da hospitalidade, primamos pela brancura, pelo asseio, pela beleza e arrumo dos espaços. Este, está à vista, bem precisa de ser "arrumado". Vamos a isto?
Mário Mendes