Nossa Senhora da Graça
Ermidinha alva, acolá, distante,
Alumia o monte com o seu sorrir,
Faz lembrar-me um anjo, que vagueia, errante,
Branco, muito branco, que não quis partir!
Oh! Que canto simples da mansão celeste,
Que tesouro rude de fé e de amor...
Em redor, buscando, nosso olhar se veste
De miragens lindas da mais viva cor!
Lá dentro repousa, num dormir sem fim,
A senhora Nossa que o meu povo adora,
Santa já velhinha, cheirando a alecrim,
Querida, bem querida pela vida fora...
Está tangendo o sino... oh! como ele corre...
Saltita, contente, no labor de Deus!
Oh! Cantar sublime que à distância morre,
Oh! Canção de amor, que se eleva aos céus!
E os moços acorrem ao festim do monte,
Anciãos caminham, trôpegos, cansados...
Todos vão beber na piedosa fonte,
Alguns vão lembrar os dias já passados!...
E ao cair da tarde na divina estança
Cada peito aspira a ambição dos céus...
O mundo é distante... Todo o olhar se lança,
Em ardente prece para os pés de Deus!
José Gomes Correia - Poeta nisense